Tudo junto e misturado...

quinta-feira, 29 de setembro de 2011

Quarto dia

Beth não sabia qual era sua cor favorita, tampouco o que faria de sua vida. Tudo estava tão misturado, tudo tão unido e tão separado que não sabia se era feliz ou se em seu peito era a tristeza que reinava. Estava perdida, tentava encontrar o caminho, mas a vida sempre lhe dava várias estradas, uma mais difícil que a outra, uma mais tentadora que a outra. Tinha uma fraqueza nítida pelos prazeres grotescos da vida, sempre gostou de bebida, de festas de homens. Sempre se mostrou forte, decidida, com um grande talento para fazer rir. Tinha sempre tiradas geniais e um ombro amigo pra quem precisasse. Mas, era no escuro de seu quarto que seus piores fantasmas se revelavam, sentia-se sozinha, sem amor, sem vida, sem alegria, como se tudo que vivera há horas atrás fosse dilacerado em pequenas lembranças distantes, ou melhor, como se a máscara caísse e aparecesse realmente o que era. E isso ela tinha medo. Tinha medo de saber quem era, do que gostava, do que queria. Tinha fobia em sair de seu mentiroso corpo e se aprofundar na sua verdadeira alma, porque sempre quis agradar seus pais, seu filho, seus amigos. Mas, também não se deixava de lado pra viver a vida do outro, era maquiavélica também, sabia ser má, sabia manipular, sabia fazer o mal. Se apaixonava quase todos os dias, por pessoas diferentes, por sorrisos diferentes. Na verdade, a carência era tão visível que qualquer um que lhe desse um sorriso seria seu amor pra vida inteira  até outro olhar cruzar o seu. Tinha vontade de mudar totalmente de vida, desprender-se do que fazia mal, ser independente, a mulher que sempre soube que podia ser. Mas, como algemas, a vida que sempre viveu prendia-lhe, roubando a coragem de conhecer outros caminhos. Queria ser livre no seu próprio mundo, livre de tudo que lhe fazia mal ou que deixava com raízes. Sim, porque não gostava de raízes, não gostava de rotina, a sua maior vontade era ter viver com seu filho e nada mais. Nada de privações e chateações desnecessárias, nada de ficar presa ao conservadorismo que sua família propunha, mas, a falta de confiança de sua mãe cortava-lhe as asas, tinha medo de ir e voltar como fizera outra vez. Essa vontade de viver era angustiante, sentia secar o sangue de seu corpo, seus nervos retraírem, sua boca secar. Mas, pra que tanto alarde? Sabia que horas mais tarde esqueceria tudo e voltaria pro seu mundinho sem cor...

obs: qualquer semelhança é mera coincidência


2 comentários:

  1. Eu te idolatro, ó, Tatiene!! Cada veixx melhor!
    Passa lá no meu de vez em quando, que tal???
    Beijos... quebra tudo!!

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  2. Tá xique. to gostando.. essa imagem é do The Wall, né não?

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